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25.5.14

O "caso" Mondo Birre: até agora, nada foi feito por parte deles.

No dia 16 de maio de 2014, estive no Mondo Birre, um bar aqui em Curitiba, para a festa em comemoração a um evento que meus alunos haviam organizado na faculdade, no dia anterior. Na hora de pagar a conta, reclamei de pessoas que estavam furando a fila. Em vez de conversar com essas pessoas e botar ordem na situação, o segurança me levou para a frente da fila, para que eu "parasse de encher o saco", e acabou criando uma situação de desrespeito, agressão e hostilidade. Fui agredida pelos clientes da casa, pelo homem que se dizia responsável pelo bar naquele dia e pela moça que estava no caixa. Você pode ler a história completa na postagem que escrevi no Facebook.




Cansada de ouvir os clientes (que tinham furado a fila) me xingando e os seguranças da casa sem fazer nada, peguei o celular e tentei filmá-los. Um desses clientes bateu na minha mão, o celular caiu no chão, se desmontou. Achei que havia chegado um ponto em que minha segurança estava em risco, tive medo. Montei o celular e liguei para o 190, sem sair da frente do caixa. Foi só neste momento que o "responsável" apareceu. Gravei a conversa com ele, que você pode ouvir neste vídeo abaixo (também foi postado no Facebook). Em certo ponto, quando vou explicar que a moça do caixa estava me acusando de furar a fila (ela agia de má fé, pois foi seu colega, o segurança, quem me levou até ela), ela tira o celular da minha mão. Segunda agressão física da noite.



No dia seguinte, depois que meu relato já tinha sido bastante compartilhado, o Mondo Birre publicou um pedido de desculpas em sua fan page...


... e tentou contato comigo inbox:

  • Conversa iniciada - 17 de maio
  • Mondo Birre
    Mondo Birre
    Olá Adriana, primeiramente em nome da administração do Mondo Birre gostaríamos de pedir desculpas pelo ocorrido, este tipo de tratamento não toleramos em nosso estabelecimento. Gostaria em segundo lugar um contato seu, para entrarmos em contato contigo para apurarmos os fatos que ocorreram e tomarmos as medidas cabíveis. Reiteramos que esse fato não passará em branco e os responsáveis serão punidos e gostaríamos de que se possível pudéssemos agendar uma conversa. Novamente pedimos desculpa e aguardamos o contato para uma futura conversa. Obrigado.
  • 18 de maio
  • Adriana Baggio
    Adriana Baggio
    Gostaria de saber quem está escrevendo em nome do Mondo Birre. Depois disso, passo meu contato.
  • 18 de maio
  • Mondo Birre
    Mondo Birre
    Esta é uma mensagem de um dos proprietários do bar.
    Gostaria de me reunir contigo, para me desculpar pessoalmente e apurarmos o fato...
  • Adriana Baggio
    Adriana Baggio
    Como é seu nome?
  • Mondo Birre
    Mondo Birre
    Antonio
    Mas pode me chamar de Toni
    Se puder me passar seu telefone amanhã te LIGO para agendarmos uma conversa
  • Adriana Baggio
    Adriana Baggio
    Ok, Toni. Por favor, me passe seu e-mail.
    E o Romildo, é seu sócio?
  • Mondo Birre
    Mondo Birre
    Toni@mondobirre.com.br
    Sim
    Você conversou com ele já?
  • Adriana Baggio
    Adriana Baggio
    ainda não. Vou enviar um e-mail aos dois e em seguida conversamos.
  • Mondo Birre
    Mondo Birre
    OK.
    Sem problemas...
    Novamente pedimos desculpa
    Mas as vezes as coisas fogem ao controle.
  • Adriana Baggio
    Adriana Baggio
    obrigada.
    pelo que tenho ouvido, fogem ao controle com bastante frequência no seu estabelecimento.
  • Mondo Birre
    Mondo Birre
    Assim sempre temos buscado atender todos bem. E para isto temos feito algumas reformulações, desde a equipe até as bandas.
    Temos vários clientes satisfeitos e estamos cientes de algumas deficiências a qual estamos tentando concertar.
    Em breve o Mondo voltará a ser aquele bom bar que foi a anos atrás.
    Mas aguardo seu contato para conversarmos pessoalmente.

Depois deste contato, enviei um e-mail a eles, Toni e Romildo, no dia 18 de maio, às 22h55. E também publiquei na página do bar o mesmo conteúdo do e-mail. O que aconteceu comigo foi muito grave. Por isso, pedia que eles, proprietários, se desculpassem; que mostrassem quais atitudes seriam tomadas para evitar novos casos; e que fizessem uma doação para uma entidade de combate à violência.




Em resumo: até agora, eles não responderam esta postagem e não responderam meu e-mail. Portanto, parece que esse "pedido de desculpas" é fajuto. Que não há uma intenção sincera em se "tomar as medidas cabíveis", como diz o Toni em sua mensagem. Também não me parece que o que se passou comigo seja um fato isolado. E quem diz isso são as pessoas que comentaram a minha postagem ou que enviaram mensagens. Reproduzo algumas abaixo, apenas para ilustrar. Todas são reclamações sobre o Mondo Birre.

















Os próximos passos? Como os sócios não deram retorno, vou seguir com o processo. A partir do BO feito naquela noite, os responsáveis pelo bar serão chamados para depor. Além disso, estou entrando no Juizado de Pequenas Causas com um pedido de indenização por danos morais.

Agradeço o apoio de todos que compartilharam e deram visibilidade a essa história, aos que relataram  episódios de violência sofridos neste e em outros bares da cidade e aos que me deram força para não deixar o assunto passar em branco. É aquela história: eu podia estar dormindo, vendo seriado, comendo, acocando o cachorro – qualquer coisa melhor do que ficar revivendo essa história triste. Mas não. Tô aqui preparando esse dossiê contra o Mondo Birre porque quero fazer a minha parte para que lugares como esse sejam responsabilizados e punidos pelo que fazem com seus clientes.

29.11.13

Minhas (não tão) sinceras desculpas

Há quatro meses, celebrei a abertura do Café do Solar do Rosário no Largo da Ordem, em Curitiba. Desde então, tenho sido uma frequentadora assídua. Mas nem isso foi suficiente para evitar uma situação desagradável e, pior, a indiferença na reparação de tal situação.

Na quinta-feira da semana passada, dia 21 de novembro, estive com meus alunos no Café do Solar do Rosário. Aproveitei que era uma aula mais light, de orientação de trabalho, para mudar um pouco os ares. Turma pequena, não incomoda ninguém. Infelizmente, fomos super maltratados. O garçom aproximou-se de uma das mesas onde eles estavam trabalhando e disse que, se quisessem usar o wi-fi do café, deveriam consumir algo. Bom, essa história eu contei no Facebook, você pode ver mais detalhes aqui.

No dia seguinte, recebi uma mensagem das proprietárias do café. Pediam desculpas pelo ocorrido e diziam, literalmente: “Gostaríamos de poder contar com sua colaboração e tentar reparar o fato de alguma maneira”.

Mesmo em meio a tantas falas vazias nos dias de hoje, a intenção delas me pareceu autêntica. Fiquei aliviada por acreditar que havia uma disposição sincera em consertar o que havia ocorrido, já que eu gostava do Café. Normalmente, quando um funcionário de uma empresa faz esse tipo de coisa, não é porque ele decidiu assim. Ele o faz por orientação dos patrões ou por entender a política da organização e agir de acordo com ela. Achei que este caso era uma exceção.

No clima de boa vontade que parecia estar pautando o nosso diálogo, escrevi um longo e-mail explicando o hábito que tenho de levar os alunos para aulas em locais diferentes; falei deles, dos seus valores, do quanto ficaram chateados; abri meu coração, na crença de que haveria empatia, e que elas concordariam com a reparação que eu pedia: apenas e simplesmente que fossem até a nossa instituição na segunda-feira seguinte e pedissem desculpas à turma, explicando a eles exatamente o que tinham dito a mim nas mensagens (estamos a dois passos do Café, muito perto).

Qual não foi minha surpresa ao receber uma negação deste simples pedido. Depois de se mostrar feliz com o esclarecimento do ocorrido e de dizer que queria muito estar comigo pessoalmente (retórica), uma das proprietárias explicou que não poderiam ir até a faculdade. Ela, por problemas de saúde. A filha, por precisar buscar as crianças na escola.

Respondi novamente, agora ciente de que havia sido ingênua e que nunca houve um real desejo de reparação. Disse que seria muito importante que fossem até a faculdade, que poderiam escolher duas outras datas – na terça ou na quinta –, que poderiam enviar outra pessoa para falar em nome delas. Acredito ter sido bastante flexível e razoável.

Esperei até hoje para escrever este relato porque ainda tinha uma tênue esperança de que entrassem em contato. Só que isso não aconteceu. Não responderam mais. Todas aquelas fórmulas gentis e a intenção de se desculpar – “tentar reparar o fato de alguma maneira”, nas palavras delas – não passou de retórica, deste tipo de coisa que as pessoas educadas falam somente por falar, mas que não correspondem a um sentimento autêntico.

No fim das contas, parece mesmo que o funcionário que constrangeu meus alunos agia de acordo com o estilo de gestão de suas patroas. Um estilo que julga as pessoas que merecem ou não receber um bom tratamento. Que se pauta, ainda, por aquele provincianismo de achar que uns são melhores do que outros. E onde a polidez é algo superficial, um verniz que não sobrevive à necessidade de ser humilde e reconhecer um erro. Antes manter a pose que pedir desculpas de maneira correta.


É uma pena, Café do Solar. Minha presença e a dos meus alunos vocês não terão mais. Provavelmente, não faremos falta. Mas o mercado está mudando. Um dia, vocês e outros negociantes entenderão que qualquer consumidor é um bom consumidor, independentemente do sobrenome, da aparência ou do tamanho da conta bancária. Vocês dependerão deles para sobreviver. A não ser que a empresa não seja um negócio, mas apenas um passatempo de madame. Neste caso, continuem sem se importar.

24.9.13

Azul é seu manto

Presidente Dilma discursa na ONU.

Hoje a presidente Dilma discursou na ONU e fez algo que muito chefe de estado cabra-macho ainda não havia feito: botou o pau na mesa e deu bronca nos americanos. Dilma foi firme, assertiva, falou sem ler*. Repudiou a espionagem que os EUA teriam feito na internet brasileiras. E resumiu bem, em dois aspectos, o porquê da gravidade de tal ato: "sem o direito à privacidade não há verdadeira liberdade de expressão e opinião e, portanto, não há efetiva democracia. Sem respeito à soberania, não há base para o relacionamento entre as nações".


Vi o discurso pela TV na hora do almoço. Me surpreendi com uma Dilma vestida de azul escuro, tão diferente do vermelho ou das cores mais claras e dos tecidos estampados de outras ocasiões. E como essa mudança cromática reforçou a contundência e pertinência das palavras dela.



Uma busca por imagens no Google, a partir dos termos Dilma + discurso + ONU resulta neste conjunto de fotografias.  Em outras ocasiões, a presidente usou roupas mais claras e de cores mais vivas.

Imediatamente, me lembrei das madonas que vi neste final de semana em duas exposições em São Paulo: Deuses e Madonas – A arte do sagrado, do acervo do Masp, e Mestres do Renascimento, no Centro Cultural Banco do Brasil. Ambas trazem diversas telas da Virgem Maria segurando o Menino Jesus.

Há todo um simbolismo nas representações das madonas. Maria é comumente retratada usando uma roupa vermelha coberta por um manto azul. Enquanto o vermelho faz referência ao aspecto humano da Virgem, o azul remete ao celestial. Vermelho é mulher, azul é santa. Vermelho profano, azul, sagrado.




Maestro del Bigallo, Virgem em Majestade com o Menino e Dois Anjos (cerca 1275): uma das madonas expostas no Masp.

Ver Dilma abandonar o tão caro tailleur vermelho (uma cor que está entre as minhas preferidas) pelo sóbrio azul escuro me fez pensar que a presidente fez elevar a importância do chefe de estado brasileiro entre as outras nações. Parece que estamos deixando um pouco de lado aquela coisa demasiado humana, mundana e profana, que tanto caracteriza o Brasil no exterior, para conquistarmos um espaço no Olimpo, no solo sagrado, entre os deuses.

Dilma nunca foi do estilo Cristina Kirchner, Deus me livre, mas hoje estava mais para um look Angela Merkel. Seu traje confunde-se cromaticamente com o cinza-escuro do púlpito de onde discursou. Seu colar e brincos (que também não são mais as clássicas, mas também frágeis e castas pérolas) e seu cabelo dourado reiteram o dourado do emblema da ONU, no mesmo púlpito. 


Juntemos o tom de voz, a postura e as roupas e temos figuras plásticas que homologam o conteúdo da fala da nossa presidente. Dilma, e o Brasil, ornam com a seriedade e com a importância das nações mundiais "desenvolvidas". E a maior prova dessa conquista é o mimetismo tranquilo, suave, que se deu entre a presidente o cenário. O Brasil não é mais um convidado, um outro, um agregado: ele faz parte, se mistura com o mundo. E, pela voz e pelos culhões da presidente, exige respeito.


* Update: o Leo Cardozzo gentilmente me alertou que a Dilma leu o discurso. Tem um TP transparente, no cantinho da fotografia.







9.6.13

De mulher pra mulher: quando o assédio é feito por ELAS

Muita gente não entende quando se reclama do assédio nas ruas, ou street harassment. Alguns homens dizem: "agora não dá nem pra elogiar mais!". Há uma grande diferença entre o elogio e o assédio. O elogio é para fazer O OUTRO se sentir bem. O assédio é para fazer O ASSEDIADOR sentir-se bem, a partir do sentir-se mal do outro. E entre esses dois polos, existem palavras, gestos e atitudes que estão mais relacionados com um, mais relacionados com outro. Enfim, é cultural.

Não poucos autores, da psicologia à semiótica, falam de uma violência que é da ordem do olhar, ou das palavras. Não chega a ser um soco, um tapa, uma contusão que vai deixar marcas roxas e membros quebrados, mas é uma agressão que fere na alma. Dói mais ou dói menos? Acho que não existe medida pra isso. O importante é saber que UM se satisfaz com a dor, ou o constrangimento, ou o sofrimento, ou a humilhação do OUTRO.

Boa parte desse tipo de assédio está fundado nos aspectos da sexualidade e do poder. Alguns olhares e palavras querem dizer "olha só o que eu poderia fazer com você agora". E esse "o que", no assédio, obviamente, nunca é algo que a outra pessoa quer. É um tomar à força, um invadir, um desrespeitar o direito que cada um tem de dizer sim ou não, INDEPENDENTEMENTE do que estiver vestindo/falando/bebendo etc.

A "justificativa" para o assédio, então, parte de elementos da aparência de alguém que, para o assediador (e para a sociedade, evidentemente, porque ele não vai tirar a ideia do nada), significam que a pessoa assediada "merece", "está pedindo". Pode ser a roupa, pode ser a forma do corpo ou pode ser, simplesmente, aquilo que "indica" o gênero feminino. Mas se tal tipo de assédio é algo típico de uma sociedade machista e patriarcal, não se pode dizer que, nesse sistema, TODA a vítima é mulher e TODO algoz é homem. Homens também são afetados pelo "machismo", assim como também existem mulheres "machistas".

Fiquei com vontade de escrever sobre isso depois de três cenas vivenciadas essa semana aqui na Itália.

Cena 1: cruzamento movimentado em Milão. Cidade grande, cosmopolita. Calor dos infernos. Sinal fechado para pedestres e também para os veículos de uma das pistas da rua próxima.

Entre tantas pessoas que esperam para atravessar, uma mulher usando shorts e camiseta. Tudo muito "decente", se é pra a gente usar esse tipo de critério. Na rua, um grupo de oficiais da polícia municipal em motocicletas. Um deles, o da frente, olha acintosamente para a moça, medindo-a de alto a baixo. Seu olhar não é de admiração. É de desafio. É de afronta. É sexualmente agressivo.

Ela não olha para ele (não viu? Fingiu que não viu?). Ele não tira os olhos dela. Para ele, não basta admirar uma mulher bonita (digamos que fosse esse o objetivo...). Ele só estaria satisfeito se ela visse como ele olha para ela, tudo o que o olhar dele diz que poderia estar fazendo com ela ali na rua, ela querendo ou não.

Acho que isso me fez refletir sobre uma das diferenças entre o elogiar e o assediar: ele QUERIA que ela SOUBESSE.

Cena 2: tabacaria em Bologna. Cidade menor, mas que ainda assim se pretende cosmopolita, habitada por gente de todas as partes do mundo. Calor dos infernos.

Uma mulher entra no pequeno comércio para comprar um passe de ônibus e dois envelopes. Ela veste uma saia longa, uma regata e uma écharpe (tudo muito "decente"). Duas outras mulheres atendem no balcão: uma bem jovem e outra mais velha. A cliente dá bom dia e a mulher mais moça responde, olhando para o traje da cliente e dizendo com bastante ironia: "ma che calorosa a signora...".

Cena 3: ainda Bologna. Sábado à noite. Calor dos infernos. Uma mulher usa saia um pouco acima do joelho e camiseta preta com um decote discreto (tudo muito "decente"). Ela caminha por três quilômetros até o ponto de encontro com sua amiga. Passa por diversos homens, alguns estrangeiros. Nenhum fala diretamente com ela, ou dela, ou ao menos não em um idioma que ela possa entender.

Chegando na parte nobre da cidade, ao cruzar com um grupo de homens e mulheres italianos, bem vestidos, que saem de um café, ela ouve perfeitamente uma voz feminina se elevar para dizer dela, pelas costas, sempre com ironia: "ma che caldo!".

Não sou a mulher assediada do cruzamento em Milão (sou testemunha), mas sou a mulher que foi assediada duas vezes em Bologna. Assediada por outras mulheres, que não aprovaram as roupas que eu vestia, e que fizeram questão que eu soubesse disso sugerindo que eu estava mostrando demais o corpo.

Nesse ponto, tanto o policial asqueroso de Milão como as irônicas cidadãs italianas tiveram o mesmo objetivo: fazer com que outras pessoas se sentissem mal, para o próprio prazer ou para aliviar algum recalque/frustração com o qual não conseguem lidar.

E devo confessar: no meu caso, elas conseguiram.

3.3.13

Domani, concerto em homenagem a Lucio Dalla

Eu já tinha ouvido falar em Lucio Dalla, mas até poucos dias atrás não saberia dizer quase nada sobre ele. Agora, sei que este cantante italiano nasceu em Bologna, é muito querido por aqui e, amanhã, se estivesse vivo, faria 70 anos. Lucio Dalla morreu ano passado, em Montreaux, na Suiça, pouco antes de seu aniversário, durante a turnê que fazia pela Europa.

Sigo alguns perfis bolognesi no Facebook e venho acompanhando a movimentação em torno das comemorações desta data. Um destes perfis, o Succede Solo a Bologna (uma associação que visa preservar os costumes e as tradições da região, inclusive seu dialeto), promoveu hoje um evento chamado Una Canzone per Lucio. Ao meio-dia em ponto, todos deveriam abrir suas janelas e colocar para tocar uma canção de Dalla (e de Paola Palotino) chamada "4 Marzo 1943" (ano passado essa homenagem também foi feita e mais de 10 mil pessoas participaram, segundo a associação).



Empenhada em vivenciar da maneira mais próxima possível os hábitos da cidade, confirmei minha "presença" no evento. Primeiro passo: ver no YouTube a tal canção.

Qual não foi minha surpresa ao descobrir que já conhecia a música, mas em outra língua e na voz de outro grande cantor? "4 Marzo", que originalmente se chamava "Gesù Bambino", teve uma versão em português composta por Chico Buarque, que nós conhecemos como "Minha História" (Dalla e Chico se conheceram durante o auto-exílio do brasileiro na Itália, em fins dos anos 70, conforme explica esse texto bem ruinzinho publicado na Gazeta do Povo).



Acordei hoje pouco antes do meio-dia, mas como não percebi ninguém se movimentando para tocar Lucio Dalla com a janela aberta, também fiquei na minha (moro a uns 2 km do centro, talvez lá tenha sido diferente). Por outro lado, pretendo participar, amanhã, do concerto em homenagem ao cantante na Piazza Maggiore. Há um enorme palco sendo montado desde a semana passada. Passei por lá hoje e vi/ouvi testes de som e de luz. O show vai ter a presença de diversos cantores italianos, dos quais conheço apenas Andrea Bocelli.

Preparativos para o concerto em homenagem a Lucio Dalla na Piazza Maggiore.

Haverá alteração nos horários e trajetos dos ônibus e táxis, para facilitar o acesso ao local. Também vai ter telão na Piazza Nettuno, ali ao lado. O show está marcado para 21h10 (17h10 no horário de Brasília) e será transmitido ao vivo pela Rai Uno (Rai 1) – emissora de TV que também é a promotora do evento (aqui um link para assistir pela internet – a conferir se funciona).

Bravo, Lucio!